por Bruna Souza
Um dia você dorme anônimo e no outro acorda conhecido por milhões de pessoas. Em busca da fama virtual, ou simplesmente de fazer algo “proibido”, adolescentes de 12 a 17 anos estão aderindo cada vez mais ao “sexting”. Esse fenômeno, criado por jovens nos EUA há cerca de cinco anos, chegou recentemente ao Brasil.
O termo é originado da união de duas palavras em inglês: “sex” (sexo) e “texting” (envio de mensagens). Para praticar o “sexting”, meninos e meninas produzem e enviam fotos sensuais de seus corpos nus ou seminus usando celulares, câmeras fotográficas, contas de e-mail, salas de bate-papo e sites de relacionamentos.
Os adeptos também mandam mensagens de texto eróticas no celular ou internet com convites e insinuações sexuais para namorados, paqueras e amigos. O problema é que muitas vezes os jovens não têm noção de que essa “fama” pode fugir do controle.
Foi o que aconteceu com uma adolescente da região do grande ABC, em São Paulo, que não teve o nome divulgado. Ela gravou um vídeo sensual e enviou para o namorado. No mês seguinte eles terminaram o namoro e o vídeo foi parar no email e nos celulares dos seus colegas de escola. A garota passou a ser hostilizada e a ouvir diversos tipos de xingamentos, por esse motivo precisou mudar de colégio.
Isso porém, não resolve todos os problemas. Os danos psicológicos permanecem. “Infelizmente as conseqüências do sexting podem ser trágicas. Existem casos de adolescentes e jovens que, ao deparar-se com sua imagem exposta, acabaram cometendo suícido, por envergonhar-se ou por pensar que está desapontando a família. Outros vivem trocando de cidades ou se escondendo. Muitos buscam justiça até hoje. Porém, as leis nem sempre ajudam”, explica a psicóloga e psicopedagoga Lidiane Souza.
Em julho de 2010, uma adolescente americana se suicidou depois de um escândalo de sexting. Jessica Logan, de 18 anos, fotografou-se sem roupa e enviou pelo celular as imagens para o então namorado. Quando o relacionamento de 2 meses terminou, o jovem enviou as imagens da ex-namorada para os amigos de seu colégio. A garota não aguentou as provocações. Entrou em depressão e começou a faltar às aulas. Até que se enforcou.
Por que expor a intimidade? - Pesquisa realizada em fevereiro pela ONG Safernet com 2.159 crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos revela que 11% já fizeram sexting. Ou seja, publicaram mensagens íntimas ou fotos em poses sensuais.
"Eles querem aproveitar o momento. Muitos jovens procuram se autoafirmar diante dos colegas ou até mesmo sofrem pressões grupais para tal. Outros desejam ter ‘minutos de fama’ na rede e se esquecem totalmente dos riscos que correm ao expor sua intimidade. É importante lembrar que a própria mídia apresenta mensagens ambíguas sobre sexualidade, promiscuidade e moral”, explica a professora Teresinha Anciães, coordenadora do Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Estácio de Sá.
Como prevenir? – Com o acesso cada vez mais fácil a internet, câmeras digitais e celulares fica difícil controlar o avanço desse fenômeno. Entretanto algumas iniciativas dos pais podem ajudar.
“É importante que os pais estejam sempre dialogando com seus filhos e acompanhando o que eles estão vendo, procurando sempre participar da vida do jovem de alguma forma. Os pais devem ser capazes de discutir com seus filhos sobre vários temas, inclusive sobre sexualidade. Também se faz necessário estabelecer limites, conversas sobre privacidade e respeito ao outro. Orientar os jovens é essencial para que estes possam aprender a se proteger, a se blindar contra os riscos do mundo virtual”, afirma Teresinha Anciães.
Punição - Quatro Estados norte-americanos consideram o sexting crime de pornografia ou exploração sexual de menores. Já no Brasil, o crime enquadra-se no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que define o que é pornografia infantil. No geral as vítimas não costumam levar as acusações adiante por medo de gerar uma exposição maior ainda.
As denúncias de sexting podem ser feitas em delegacias especializadas em crimes digitais.
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